Somos a Associação Comunitária dos Agricultores e Agricultoras Familiares Remanescentes de Quilombo das Comunidades de Aroeira, Toquinha, Brasileira e Adjacências, que atualmente é formada aproximadamente por 65 membros filiados. Situa-se próximo às margens do Rio Carnaíba de Dentro. Está distante 30 quilômetros da cidade de Palmas de Monte Alto-BA, cidade histórica do Sertão Produtivo.
Palmas de Monte Alto é uma das cidades mais antigas, nascida pela fé cristã e rica em belezas naturais. “Sua vastidão é, em si mesmo, muito diversa, com uma geografia esboçada pelos baixios e gerais, caatingas e cerrados, assim como pela diversidade de povoações, linguagens e manifestações culturais” (GUIMARÃES, 2012, p. 21)
O município está localizado na região do Sertão Produtivo, dentre outros municípios que são: Brumado, Caculé, Caetité, Candiba, Contendas do Sincorá, Dom Basílio, Guanambi, Ibiassucê, Tanhaçu, Ituaçu, Iuiú, Lagoa Real, Livramento de Nossa Senhora, Malhada de Pedras, Pindaí, Rio do Antônio, Sebastião Laranjeiras, Urandi e Tanhaçu.
DERIVAÇÃO DO NOME DA COMUNIDADE:
O nome da comunidade Aroeira deriva da árvore da família Anacardiaceae, popularmente conhecida como Aroeira do Sertão ou Aroeira Vermelha. A árvore possui propriedades medicinais e é resistente; além disso, sua madeira é utilizada na construção de casas e suporta as longas secas predominantes no Sertão da Bahia. Assim como as mulheres da Comunidade, a Aroeira representa a resistência e força dos remanescentes de quilombo.
Segundo as moradoras, havia muitos “pés de aroeira” que foram utilizados para construção das cercas, fazer lenha para cozinhar, na construção de uma igreja situada em Lagoa da Posse, comunidade próxima, possuindo então o nome de Aroeira, derivado da árvore que, além de medicinal, foi fundamental na construção das casas da comunidade e adjacências.
O QUE É O QUILOMBO?
Os quilombos, mocambos, terra de santo ou terra de preto, denominados principalmente na Bahia de mocambos (estruturas para erguer casas), teriam se transformado em quilombos (acampamentos), denominação dada também em Minas Gerais, pois se formavam quase sempre a partir dos escravos fugitivos. O primeiro registro de um mocambo formado na Bahia data de 1575, sendo que hoje as comunidades negras rurais e remanescentes de quilombos estão espalhadas por todo o Brasil, mantendo a continuidade de um processo mais longo da história da escravidão, época em que inúmeras comunidades de fugitivos foram formadas e se tornaram espaço para a migração dos libertos (GOMES, 2015).
SOMOS REMANESCENTE QUILOMBOLA:
Os quilombos contemporâneos ou remanescentes de quilombos são formados em sua maioria por uma mesma linhagem familiar, como na comunidade de Aroeira. Todos mantêm relação de parentesco ou de afetividade, como os padrinhos, madrinhas ou mães de leite, entre outros costumes presentes na comunidade. As raízes ancestrais se fazem presentes a todos os momentos dentro da comunidade Aroeira, pois, para São Bernardo (2018, p. 233), “ancestralidade consiste na produção de memória. As civilizações se reivindicam a partir dos passados feitos e refeitos à luz do presente e da presença”.

